quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Jornalistas pedem respeito à liberdade de expressão no Iraque

14/08/2009

colaboração para a Folha Online

Jornalistas e intelectuais iraquianos participaram nesta sexta-feira de uma manifestação em Bagdá a favor da liberdade de expressão, depois de ameaças feitas contra um de seus colegas e a nova imposição de censura contra livros e a internet. O protesto foi o primeiro a ocorrer no Iraque desde a invasão do país em 2003 por forças internacionais lideradas pelos Estados Unidos e da derrubada do regime do ex-ditador Saddam Hussein (1979-2003), morto em 2006.

"Sim à liberdade, não ao amordaçamento da imprensa", gritaram cerca de 250 pessoas reunidas na rua Mutanabi, famosa por suas livrarias.

"Devido aos ataques de que são objeto, os jornalistas e empregados dos meios de comunicação perderam 247 de seus colegas [desde 2003] e os aqui presentes hoje querem dizer alto e forte que não se curvarão frente às ameaças e às intimidações", afirmou o jornalista Imad al Jafaji, lendo um comunicado do Observatório da Liberdade dos Jornalistas.

"Consideramos que a liberdade dos jornalistas deve ser reconhecida como um direito sagrado por todas as religiões e convenções internacionais", completou.

Os intelectuais iraquianos fizeram o protesto após ameaças feitas, segundo eles, por um deputado xiita contra um colega que havia acusado seu partido de estar por trás de um assalto a um banco de Bagdá.

Lei

Além disso, eles se disseram preocupados com as recentes medidas governamentais que têm o objetivo de controlar a informação, tanto escrita quanto na internet, por considerar que os atos acabam com a liberdade de expressão.

Em 31 de julho, o governo aprovou um projeto de lei para proteger jornalistas que trabalham no país, mas o sindicato que representa os profissionais no país disse que o texto é muito vago e os deixa suscetíveis a sofrer interferência do governo.

O Iraque é há um longo tempo um dos mais perigosos no mundo para jornalistas e, no mês passado, entidades enviaram uma carta aberta ao primeiro-ministro, Nouri al Maliki, pedindo um fim ao assédio e à agressão de profissionais por funcionários do Estado.

O projeto de lei --que será aplicado apenas para jornalistas iraquianos-- diz que qualquer pessoa que atacar um repórter em serviço sofrerá a mesma punição se atacasse um funcionário do governo.

O texto também estabelece vários níveis de compensação para jornalistas assassinatos ou feridos.

No entanto, alguns trechos do texto foram vistos como problemáticos pelo sindicato de jornalistas. Um deles se refere a proteção de fontes anônimas ao menos "que a lei requisite que a fonte seja revelada". Outro diz respeito à garantia de liberdade de imprensa, que pode ser retirada se publicações "ameaçarem cidadãos ou fizerem declarações provocativas ou agressivas".

Os meios de comunicação do Iraque mudaram radicalmente desde que o ex-ditador Saddam Hussein (1979-2003), morto em 2006, foi tirado do poder. Na época, algumas publicações e emissoras de TV controladas pelo Estado produzia uma imensa quantidade de propagandas favoráveis ao regime.

Desde a invasão do país, uma proliferação de novos veículos tem dado aos iraquianos a possibilidade de escolher entre 200 publicações impressas --jornais e revistas--, 60 emissoras de rádio e 30 canas de TV em árabe, turco, sírio e dois dialetos curdos.

Apesar disso, os meios de comunicação continuam dominados por diretores patronais ou sectários que os usam para seus próprios objetivos. Ocasionalmente, o governo ameaça fechar os escritórios daqueles que veiculam notícias desfavoráveis.

FONTE: www.folha.uol.com.br

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