terça-feira, 31 de março de 2009

Governo da Índia cogita censura do Google Earth para evitar atentados



Google Earth deve ser censurado na Índia, a fim de coibir atentados terroristas, diz governo









10/03/2009

da Efe, em Nova Déli

O governo do Estado indiano de Maharashtra anunciou nesta terça-feira (10) que pretende censurar o software Google Earth para evitar ataques terroristas como o que matou 179 pessoas em novembro na capital, Mumbai, de acordo com a agência indiana "Ians".
Segundo o vice-ministro do Interior de Maharashtra, Naseem Khan, as autoridades regionais enviarão uma proposta ao governo central indiano e às agências de inteligência para aplicar esta medida "o mais rápido possível."
O estado de Maharashtra vai procurar medidas legais que permitam censurar as imagens de locais vulneráveis a ataques mostrados por esta ferramenta do Google --que, por sua vez, oferece imagens por satélite, mapas e busca geográfica.
O vice-ministro destacou que as autoridades estão preocupadas, desde quando souberam que o comando terrorista que atacou o sul da capital financeira da Índia usou imagens do Google Earth.
Khan afirmou que há cerca de 20 locais que podem ser atacados em Mumbai. Maharashtra e o restante do país podem ser observados com facilidade nos mapas dessa ferramenta.
"Queremos que pelo menos os locais mais visados, como instalações militares, sedes do governo, Câmaras Legislativas, locais de culto, zonas portuárias, píeres e locais semelhantes desapareçam dos mapas por satélite", disse Khan.
FONTE: http://www.folha.uol.com.br/

Autoridades de Londres mandam apagar mural de Banksy

















06/03/2009

da Efe, em Londres


Um famoso mural de sete metros de altura do artista de rua britânico conhecido como Bansky terá que ser retirado de uma agência dos Correios de Londres por se tratar de A obra de arte, pintada sobre uma parede externa do prédio, mostra um policial acompanhado de um cachorro tirando fotos de um garoto que, em cima de uma escada, picha em letras garrafais brancas a frase "One nation under CCTV" (Uma nação sob câmeras de vigilância, em tradução livre).
Em outubro do ano passado, as autoridades do distrito de Westminster City decidiram que o mural, feito sobre uma parede nua, teria que ser retirado por desrespeitar a lei.
Sobre a retirada da obra, Robert Davis, representante do distrito, disse: "Aprovar este grafite --porque o consideramos um grafite-- é aprovar os outros grafites que se veem rabiscados pelo resto da cidade".
Ainda há chances de o mural de Banksy não ser apagado, mas nesse caso o Serviço Postal teria que cobri-lo em respeito às normas do distrito de Westminster City.
Um porta-voz dos Correios declarou à imprensa que, "infelizmente, as autoridades do distrito disseram que é preciso retirar ou cobrir o mural".
Por isso, enquanto uma decisão definitiva não é tomada, um andaime foi instalado para cobrir o desenho.
Banksy é o pseudônimo de um popular artista de rua do Reino Unido. A única informação que se tem sobre ele é que nasceu no sul da Inglaterra em 1974.
FONTE: http://www.folha.uol.com.br/



Planalto entrega últimos documentos militares ao Arquivo Nacional

05/03/2009

RENATA GIRALDI
da Folha Online, em Brasília

O ministro Jorge Félix (Segurança Institucional) entregou nesta quinta-feira à direção do Arquivo Nacional os últimos documentos relativos aos períodos de 1934 a 1988 que estavam sob responsabilidade do governo federal. Mas Félix admitiu que alguns trechos das nove atas foram vetados com tarjas colocadas sobre frases inteiras. Segundo ele, a censura foi feita apenas porque nos trechos havia referências jocosas a autoridades e governos estrangeiros.
"Temos de tomar cuidado para não ofender vizinhos só porque alguém em um momento de descontração falou algo", disse Félix, negando que as "tarjas" colocadas sobre algumas frases expostas nas atas sejam censura. "Nós estamos protegendo um país chamado Brasil. Se alguma coisa pode causar constrangimento, nós estamos protegendo."
O ministro negou que tenha ocorrido censura por parte do governo a alguns trechos do material entregue ao arquivo. "A tarja [colocada sobre as frases] não é importante", disse ele. "Seria uma grosseria deixarmos essas coisas transparecerem. São referências jocosas [a autoridades e governos estrangeiros]."
Nas nove atas, há referências à segunda guerra mundial, à política externa brasileira e às ordens de cassações realizadas durante o governo militar --1964 a 1988. De acordo com o ministro, todos os nomes, cargos, funções e detalhes pessoais foram preservados sem eliminação de dados nem censura.
Félix entregou as nove atas ao diretor-geral do arquivo, Jaime Antunes da Silva, depois que os documentos foram analisados por representantes de vários setores do governo federal. Nos documentos até os anos 40, as anotações foram feitas à mão. A partir dos anos 50, os relatos passaram a ser realizados à máquina de escrever.
O diretor do arquivo afirmou que pretende concluir o trabalho de digitalização das atas em no máximo uma semana. Pelos cálculos dele, são 3.000 páginas com frente e verso. Uma das dificuldades é que os documentos estão encadernados e, portanto, não podem ter as páginas retiradas.
No entanto, Antunes da Silva afirmou que todo o conteúdo contido nas nove atas está à disposição dos interessados em meio digital a partir da página do Arquivo Nacional na internet (www.arquivonacional.gov.br). "Esses filhos que saem daqui serão muito bem cuidados. A memória não é estática, ela se constrói e reconstrói", disse ele.

Pequim proíbe shows do Oasis por líder ter defendido independência do Tibete

Quarta-Feira, 04 de Março de 2009

Cláudia Trevisan, PEQUIM


A banda britânica Oasis afirmou ontem que o governo chinês ordenou o cancelamento de suas duas apresentações na China porque o líder do grupo, Noel Gallagher, apresentou-se em um concerto pela independência do Tibete 12 anos atrás. Os shows estavam programados para os dias 3 e 5 de abril, em Pequim e Xangai.As autoridades chinesas endureceram sua política em relação a artistas estrangeiros desde que a islandesa Bjork gritou "Tibete!" depois de cantar a música Declare Independence, em um show na cidade de Xangai no ano passado.INGRESSOSOs ingressos para as apresentações do Oasis estavam à venda desde 9 de fevereiro e os mais baratos esgotaram-se no primeiro dia, quando foram vendidas 2 mil entradas. De acordo com nota divulgada no site do Oasis, representantes da banda foram informados no sábado da decisão do governo de Pequim. "A ação das autoridades chinesas ao cancelar esses shows marca uma reversão de sua decisão em relação à banda, a qual deixou tanto o Oasis quanto os promotores [DO SHOW]desnorteados", diz o texto. Ontem, o site da banda estava inacessível na China, bloqueado pela censura. O mesmo ocorreu com vários posts na internet de chineses que protestavam contra o cancelamento dos shows. Oficialmente, o promotor chinês dos concertos afirma que a decisão foi motivada pela crise econômica. A tensão em torno da questão tibetana está em alta na China, com a aproximação do 10 de março, data que marcará os 50 anos do fracassado levante contra Pequim que levou ao exílio do dalai-lama da Índia. No dia 14, completará um ano do início dos mais violentos protestos contra a China em duas décadas, que começaram em Lhasa, capital do Tibete, e se espalharam por províncias vizinhas habitadas por tibetanos.A nota do Oasis afirma que as autoridades chinesas só descobriram recentemente que Gallagher participou de um concerto cujo tema era Tibete Livre. Por isso, concluíram agora que seria "impróprio" a banda apresentar-se diante de "seus fãs", ressalta o texto.

FONTE: www.estadao.com.br

segunda-feira, 30 de março de 2009

A polêmica dos municipais cariocas

Quinta-Feira, 05 de Março de 2009
Jandira Feghali, secretária de Cultura do Rio, agita classe teatral ao criar comissão para definir peças que ocuparão cada espaço
Roberta Pennafort
A criação de uma comissão julgadora para escolher peças a serem encenadas nos teatros da Prefeitura do Rio vem provocando grande discussão entre a classe artística e a nova secretária municipal de Cultura do Rio, Jandira Feghali. De um lado, os artistas bradam que a iniciativa vai burocratizar o processo de produção. E mais: ideologizá-lo, criando um ambiente propício à censura. Já Jandira sustenta que se trata de uma forma de democratizar o acesso dos proponentes aos teatros, além de permitir que a secretaria tenha uma visão global da rede, o que permitirá sua ocupação de modo mais eficiente.Até então, quem quisesse montar uma peça num dos sete teatros da rede municipal entregava seu projeto ao diretor de um deles e cruzava os dedos para ser aceito. Com as mudanças anunciadas pela secretária, tudo mudou: as propostas têm de seguir diretamente à Secretaria, que criou a comissão para analisá-las. O diretor do teatro, agora chamado de diretor-residente, com mandato de apenas um ano, terá voz, mas será apenas uma das vozes.Nas próximas semanas, a Secretaria espera pôr na rua os editais de seleção dos diretores-residentes. A discussão começou bem antes, no início da gestão de Jandira. A secretária deixou artistas em polvorosa ao dizer que os teatros eram tratados como "feudos", em que cada diretor fazia o que bem quisesse. Agora, ela tem de lidar com as acusações de "dirigismo" de parte da classe, que desconfia que a comissão poderá usar critérios ideológicos na hora de escolher as peças que serão apresentadas.Jandira já se reuniu com representantes da classe, contemporizou e explicou que quem errou foi a gestão anterior, que deixou os teatros ao deus-dará, abrindo brechas para "decisões entre amigos", expressão usada pelo subsecretário de Gestão, Randal Farah. Segundo Jandira, valia o "cada um por si", o que, para ela, não pode continuar. Apesar dos panos quentes, o temor continua. "A impressão que eu tenho é que se quer complicar o processo, burocratizar, centralizar. Ninguém vai descobrir o ovo de colombo", diz a atriz Soraya Ravenle, que já passou com suas peças por vários dos palcos da rede municipal. A "complicação" a que Soraya se refere é justamente a criação da comissão, formada por Ana Luisa Lima, coordenadora da rede de teatros; Claudia Zarvos, gerente de artes visuais; Celina Sodré, de artes cênicas; Samuel Araújo, de música, e mais dois consultores: Antonio Pedro (ator e diretor) e Carmen Luz (dança). Eles vão definir, junto com os diretores-residentes (ou companhias-residentes, outra possibilidade aberta pela secretaria), quais espetáculos serão financiados e, enfim, encenados. Escolhido em concurso público, o diretor ou companhia residente poderá montar suas próprias peças ou de convidados, mas, para tanto, precisará chegar a um acordo com a comissão. É o fim da era em que os projetos sequer passavam pela Secretaria. A chegada dos novos gestores deve ocorrer a partir de maio - até lá, as propostas deverão ser mandadas à prefeitura para análise, e o que já estava programado segue em cartaz.Domingos Oliveira desqualifica a comissão: "Eu tenho mais condições de falar de teatro do que qualquer comissão da prefeitura", manifesta-se o ex-diretor do Teatro do Planetário, e com 55 anos de coxia em coxia, tendo lotado plateias com Todo Mundo tem Problemas Sexuais, Amores e Separações. "O que eu vejo é a Prefeitura querer mandar em coisas sobre as quais não entende. Se me pagarem para construir um edifício, eu construo, mas ele cai depois." O advento da comissão foi criticada também com veemência pela crítica de teatro do jornal O Globo e renomada tradutora de textos teatrais Barbara Heliodora. Ela publicou um artigo em que diz acreditar que as novas medidas visem ao "controle ideológico de toda atividade artística e cultural", tal qual na União Soviética e na China comunistas. "A ingerência do Estado na criação artística e em qualquer atividade cultural é fatal: seu único objetivo é alimentar o público com chavões ideológicos e cortar qualquer possibilidade de obras imaginativas e/o realmente reflexivas", escreveu. Jandira - que concorreu à Prefeitura do Rio no ano passado pelo PCdoB - rebate; acha que está sendo mal interpretada. "O que nós vamos fazer é uma seleção pública, que não é para interferir em conteúdo, nem em criação e muito menos fazer censura, que não é nosso papel", explicou. "Queremos dar oportunidade a todo mundo de apresentar seus projetos. Para garantir a diversidade, a pluralidade
FONTE: www.estadao.com.br

"Censura total no Irã é inviável", diz cineasta

18/02/2009

RAUL JUSTE LORES
enviado especial da Folha de S. Paulo a Teerã


Considerado o cineasta mais político e crítico do Irã, Jafar Panahi, 48, está há quatro anos sem filmar. "Desde que Ahmadinejad chegou ao poder, não consigo aprovação da censura para meus roteiros", diz.
Só seu primeiro filme, "O Balão Branco" (1995), premiado em Cannes, foi exibido no país --os demais foram proibidos. Ao fazer um drama vigoroso sobre os maus-tratos às mulheres iranianas em "O Círculo" (2000), que ganhou o Leão de Ouro em Veneza, virou o cineasta maldito do regime.
Ele lutou na Guerra Irã-Iraque como soldado, foi assistente de Abbas Kiarostami em "Através das Oliveiras", e tem uma coleção de prêmios --Leopardo de Ouro em Locarno por "O Espelho" (1997) e Urso de Prata em Berlim por "Fora do Jogo - Offside" (2006).
Neste último, ele enfoca garotas que se vestem de homens para poder assistir a um jogo de futebol (mulheres são proibidas de frequentar a estádios).
Panahi já esteve três vezes no Brasil, onde todos seus filmes foram exibidos. Ele recebeu a Folha em seu apartamento em Teerã, enquanto assistia à nova temporada de "24 Horas". "Já que não me deixam filmar, assisto a seriados americanos". Leia trechos da entrevista.
Censura e Ahmadinejad

"Desde que Ahmadinejad chegou ao poder [em 2005] não consigo filmar. Há quatro anos não tenho autorização. Todas as minhas ideias e roteiros são rejeitados pelo governo. Sem permissão, você não filma. Os cinemas só exibem o que o governo deixa, e os sete canais de TV são estatais. É um monopólio. Mas não foi só o cinema que piorou com Ahmadinejad, muitas outras coisas pioraram."

Sistema ideologizado

"Não faço cinema político, faço cinema social. O filme político diz quem é bom e quem é ruim, como os partidos políticos. Quem concorda com eles é bom, quem discorda é ruim. O problema é que tudo faço aqui é visto como político. Em um sistema tão ideologizado, se você não concorda com eles, não frequenta os eventos do governo, você vira político. No cinema social, não tem preto, branco, tem cinza."
Filmes com crianças

"Todos os meus filmes foram proibidos no Irã, com exceção de "O Balão Branco". Mesmo antes da Revolução Islâmica, cineastas driblavam a censura fazendo filmes com crianças. A censura não dá bola para filmes com crianças. Mas eles falam de temas adultos. São "com" crianças, não para crianças."
Mulheres e limites
"Decidi não voltar a filmar com crianças em "O Círculo". Gosto de falar de limites, obstáculos, então era natural fazer um filme sobre as mulheres iranianas. Causou muita polêmica, todos os jornais estatais me atacaram. O governo queria que eu cortasse 18 minutos de cenas "inconvenientes" e não aceitei. A partir daí, meus filmes não puderam ser exibidos nos cinemas daqui.'
Parabólicas piratas
"Os iranianos acabam vendo meus filmes pelas cópias piratas, a US$ 1, que são vendidas em todo o canto. Apesar de proibidas, eu diria que 90% dos iranianos têm parabólicas hoje, dos mais ricos aos mais pobres. Todo o mundo vê canais internacionais de televisão, o controle da informação ficou difícil. O governo teria que prender o país inteiro."
Revolução errada
"Jovens não poderiam ser jovens pela lei do Irã --tudo é tão surreal que para onde você olhe, há ideia de um novo filme. Sou otimista com a nova juventude, que não aceita certas imposições do governo e as está driblando. Minha geração fez a revolução, ajudamos a derrubar o xá, mas logo percebemos que essa revolução estava errada. Saímos de um regime sem democracia para outro. Não mudou o fundo. A nova geração não quer mais revolução."
Exílio e comércio
"Muitos cineastas imigraram, alguns estão fazendo outras coisas. Recebi uma proposta de Hollywood. Talvez aceite. Hoje, no Irã, há um ou dois filmes bons por ano, aprovados pelo governo. Mas 99% do cinema iraniano é comercial. Divide-se em dois tipos: garota sofrida se apaixona por garoto, passam por desencontros e terminam juntos. Ou homem casado conhece outra e fica com duas esposas. Tudo sem beijo."

FONTE: http://www1.folha.uol.com.br

Pequim quer criar lista negra de jornalistas chineses

13/02/2009

da Folha Online

O governo chinês planeja criar uma lista negra de jornalistas do país que não cumpram as regras de reportagem, afirmou a mídia estatal chinesa nesta sexta-feira, acrescentando que uma série de controles serão usados para restringir o trabalho da mídia nacional.
Segundo um comunicado da agência chinesa que controla a mídia nacional, a lista servirá para "estabelecer um banco de dados de profissionais da mídia com registro ruim".
A agência afirmou ainda que os repórteres que violarem as regras ou leis terão suas credenciais de imprensa retirados. "Seus nomes entrarão na lista e eles serão restringidos de trabalhar como repórteres ou editores", disse Li Dongdong, vice-diretora da Administração Geral de Imprensa e Publicações.
A lista de jornalistas está entre uma série de regulamentações propostas para ampliar a supervisão do governo da cobertura das notícias, disse Li. Entre as medidas está revisões mais restrititvas dos crachás de impreensa, que permitem a entrada de uiornalistas em eventos e entrevistas coletivas, e qualificação padrão de editores de jornais e revistas.
Li afirmou ainda que as medidas são necessárias para "evitar relatos falsos".
A imprensa estatal chinesa é alvo de grande controle do governo e muitas vezes de censura. Assuntos que podem soar negativos sobre o governo ou originar debate político são vetados da imprensa chinesa --como o discursos de posse do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, censurado ao falar sobre as nações comunistas.
As medidas não se aplicam a jornalistas estrangeiros que trabalham na China, cujo controle é feito pelo Ministério de Relações Exteriores. Cidadãos chineses, contudo, são proibidos de trabalhar como jornalistas para mídia estrangeira.
FONTE: http://www1.folha.uol.com.br

CCSP retira obra após reclamações de funcionários

Obra "O Fantasma", de João Loureiro, que foi retirada da exposição no centro cultural

SILAS MARTÍ
da Folha de S.Paulo

Depois de reclamações de funcionários, que se disseram ofendidos pelo artista, a direção do Centro Cultural São Paulo decidiu retirar de uma mostra uma obra de arte que ficaria em cartaz até 29 de março. A fotografia "O Fantasma", de João Loureiro, retrata pessoas e objetos de trabalho cobertos com lençóis brancos no setor administrativo do CCSP, onde ficou exposta até o dia 2 deste mês, quando foi retirada.
"A gente tem uma imagem de fantasma lá fora, mas trabalha muito, rala muito", disse à Folha Rogéria Massula, 51, funcionária do CCSP que mandou uma carta à ouvidoria da prefeitura pedindo que fosse retirada a obra de Loureiro. "Achei de mau gosto, porque era a minha mesa de trabalho ali, com olhinho, boquinha. Por mais que eu queira, não dá para desconsiderar que é uma afronta contra os funcionários."
Antes mesmo do início da mostra, em 29 de novembro do ano passado, funcionários haviam reclamado à direção do CCSP, irritados com o teor da fotografia. Na abertura da exposição, tanto o diretor da instituição, Martin Grossmann, quanto a curadora de artes visuais, Carla Zaccagnini, optaram por expor a obra.
"Houve resistência dos funcionários à obra, e isso foi virando uma bola de neve", conta Loureiro, 36, que diz não considerar o episódio um caso de censura, embora discorde da remoção da obra. Segundo ele, que teve R$ 8.000 do CCSP para produzir a foto, alguns funcionários foram trabalhar vestidos de branco em protesto.
A curadora e o diretor do CCSP negam que houve censura. "Acho que se trataria de censura se a obra não tivesse sido realizada ou tivesse sofrido alterações por exigências externas ao trabalho. Neste caso, a obra foi realizada de acordo com o projeto do artista e esteve exposta no local por ele escolhido", diz Zaccagnini, 35.
A curadora deixará seu cargo no CCSP no mês que vem, mas nega que seja por causa do episódio. "A minha saída, que está sendo negociada de forma a não prejudicar o projeto institucional, não tem nada de represália", afirma a curadora.
Pressão externa
O secretário municipal da Cultura, Carlos Augusto Calil, que já dirigiu o CCSP e nomeou Martin Grossmann para a posição, confirmou, por meio de sua assessoria, que foi procurado por funcionários do CCSP.
O diretor da instituição, a curadora de artes visuais e funcionários ouvidos pela Folha negam, no entanto, que tenha havido qualquer interferência por parte do secretário da Cultura ou da prefeitura. "Não houve nenhuma pressão por parte da ouvidoria da prefeitura, tampouco da Secretaria da Cultura", afirmou Grossmann, 48.
"Não havia nenhuma posição da Secretaria da Cultura nem da ouvidoria com relação ao conteúdo da carta", diz Zaccagnini. "Foi por meio de uma longa discussão interna, iniciada ainda durante o processo de produção da obra [de Loureiro], que se chegou à decisão."

FONTE: http://www1.folha.uol.com.br

A atriz Tang Wei conseguiu seu primeiro trabalho na China após ter sido banida da mídia de seu país em 2008

Tang Wei em cena do filme "Lust, Caution", de Ang Lee; atriz foi banida da mídia chinesa.


A atriz Tang Wei conseguiu seu primeiro trabalho na China após ter sido banida da mídia de seu país em 2008, devido à sua atuação sensual no filme "Lust, Caution", de Ang Lee.
da Associated Press, em Hong Kong


Tang estará ao lado do veterano cantor de Hong Kong Jacky Cheung na comédia "Crossing Hennessy", sobre a amizade de dois comerciantes que se conhecem em um encontro amoroso.
As filmagens começam em março, segundo informou a produtora Irresistible Films.
Ang Lee, que ganhou o Oscar de melhor diretor por "O Segredo de Brokeback Mountain", transformou Tang em uma estrela após escalá-la, quando ainda era desconhecida, para estrelar "Lust, Caution".
No entanto, ela não trabalha em um filme desde 2007, quando foi banida da mídia chinesa pelo governo.
A Administração Estatal de Rádio, Filme e Televisão da China (SARFT) proibiu que material publicitários com Tang, em março de 2008, fosse veiculado pelas redes de TV e pelos jornais impressos da China.
A razão para a proibição nunca foi esclarecida, mas se especula que tenha sido devido à performance sexualmente desinibida de Tang em "Lust, Caution".
No longa, a atriz interpreta uma estudante que planeja assassinar um oficial chinês que tem ligações com o Japão, durante a Segunda Guerra Mundial.
A obra ganhou o Leão de Ouro no Festival de Veneza, em 2007.
A atuação do Japão na China durante a Segunda Guerra ainda é um tema delicado para muitos chineses e, por isso, a censura chinesa só liberou a exibição do filme após muitos cortes na edição. Mesmo assim, o filme fez sucesso no país.


Crítica on-line desafia repressão chinesa


Opositores acham alternativas, e a internet, antes totalmente controlada, começa a fugir do domínio estatal.



RAUL JUSTE LORES
da Folha de S.Paulo, em Pequim


Textos críticos assinados por dissidentes, vídeos vetados na TV estatal e opiniões de blogueiros estão desafiando a mais recente onda repressiva do governo chinês.
Antes completamente controlada, a internet começa a se tornar imanejável para o governo. Um site que reunia diversos opositores e que foi fechado há dois meses reapareceu utilizando um domínio americano e pode ser acessado com o auxílio de sistemas que driblam a censura chinesa.

Em campanha de controle à rede, as autoridades fecharam mais de 1.500 sites, sob a acusação de "pornografia, atentar contra a moralidade e corromper a juventude", segundo a Secretaria de Segurança. Blogueiros acusam a "limpeza" de encobrir mais uma onda de repressão a qualquer crítica no país, em meio a desemprego crescente e crise econômica.
Além de bloqueios temporários aos sites do jornal "New York Times" e da BBC, blogs e portais na internet que abrigavam textos mais críticos ao governo foram tirados da rede.
O site Bullog, que publicou a Carta 08 (manifesto subscrito por intelectuais no fim do ano passado em prol dos direitos humanos na China), foi retirado do ar no início de janeiro. Reapareceu na semana passada, utilizando um domínio nos EUA, como bullogger.com.
"Os internautas têm conquistado mais liberdade de expressão on-line, mas as coisas têm ficado duras nos últimos dias. Mais mobilização será necessária no futuro", disse à Folha o blogueiro Zhou Shuguang, 27, um dos signatários da Carta 08.
Após assinar a petição por democracia e respeito aos direitos humanos na China, ele foi visitado pela polícia. "Eles me levaram para almoçar e fizeram perguntas sobre o manifesto. Queriam saber como eu soube, porque eu assinei e o que eu achava", conta. "Não aconteceu mais nada, acho que eles fizeram a parte deles."
Outra blogueira famosa, que assina como Persian Xiaozhao, fez sucesso com o texto "Eu assinei a Carta 08 após um bom choro", em que ela falava das injustiças do país. Seu blog foi banido pelo portal que o abrigava. Mas ela já criou outro.


Cumplicidade

A conivência de grandes portais com a censura chinesa é famosa. Tanto Google quanto Yahoo fizeram acordo com o governo para retirar de seus resultados de buscas páginas "sensíveis" ao governo chinês.
A colaboração dos portais locais com o governo é ainda maior. O portal Sohu.com já retirou do ar vários blogs hospedados no site após a publicação de comentários mais críticos de seus autores. Até mesmo comentários de internautas publicados como resposta a notícias e outros textos são apagados pelos portais se fizerem críticas mais duras ao governo.
Ainda assim, a força da internet tem dobrado o governo. A TV estatal tirou do ar a cobertura de um discurso do primeiro-ministro Wen Jiabao no Reino Unido, quando um estudante lhe atirou um sapato. O vídeo circulou tanto pela China que a CCTV, maior rede do país, acabou transmitindo a sapatada que errou o alvo.


Repressão e crise


A tensão das autoridades se traduz em mais repressão. A atual crise econômica, que já fez o crescimento da economia chinesa em 2008 ser o pior em sete anos --e que pode ser menor ainda em 2009--, deve deixar 20 milhões desempregados, segundo algumas estimativas.
No ano passado, as duas Províncias separatistas chinesas foram mais controladas pelo regime. O Tibete ficou parcialmente fechado ao mundo --e turistas estrangeiros foram proibidos de pisar na região ao longo de quase quatro meses- e a imprensa internacional continua impedida de pisar na capital provincial, Lhasa.
Em Xinjiang, Província de população muçulmana no extremo oeste da China, houve recorde nas prisões justificadas por causa de "risco à segurança do Estado". Mais de 1.400 pessoas foram presas (em 2007, foram 742).
A política preventiva de repressão do governo também tem a ver com as datas comemorativas que podem ser celebradas em 2009 --os 20 anos do massacre na Praça da Paz Celestial, os 50 anos da fuga do dalai-lama do Tibete e os dez anos da proibição da seita Falun Gong.



FONTE: http://www1.folha.uol.com.br

Comercial sensual de entidade de defesa dos animais é censurado nos EUA

28/01/2009
Cena de comercial da Peta, que diz que quem come verduras e legumes faz sexo melhor.









colaboração para a Folha Online

O canal de TV americano NBC se recusou a transmitir um novo comercial da organização Peta (People for the Ethical Treatment of Animals), associação de defesa dos animais, que mostra cenas sensuais de modelos com legumes e verduras.
Em meio a cenas de mulheres sexy fantasiando com abóboras, brócolis e aspargos, a propaganda diz que quem come vegetais faz sexo melhor.
O comercial foi feito para ser exibido no Super Bowl, final do campeonato americano de futebol americano e um dos eventos de maior audiência nos Estados Unidos.
A executiva para comerciais da NBC, Victoria Morgan, disse que a propaganda "descreve um nível de sexualidade que excede nossos padrões".
O canal pediu à organização que cortasse algumas das cenas mais fortes, mas a Peta negou o pedido.
"Aparentemente, a NBC tem algo contra garotas que amam seus vegetais", escreveu a blogueira Amy Elizabeth no site da organização.

FONTE: http://www1.folha.uol.com.br

Brasileiro é contra intervenções do governo, segundo Datafolha

25/01/2009
da Folha Online

O brasileiro é contrário às intervenções do governo na vida das pessoas e de instituições da sociedade civil e tem posicionamento ainda mais radical em relação a atos de proibição e censura, segundo pesquisa Datafolha em reportagem da Folha
Para 55%, o governo não poderia intervir em sindicatos, enquanto 62% acham que governo não deve ter direito de proibir greve e 69% defendem que governo não pode proibir a existência de partido político, qualquer que seja ele.
A oposição é mais forte quando se tratam de liberdades relacionadas à política e à imprensa. São 73% os que creem que o governo não deve ter o direito de censurar a mídia. Já 74% acreditam que o governo não deve poder fechar o Congresso.

Democracia

Transcorridos 25 anos do ápice do movimento pelas Diretas-Já, a aprovação do brasileiro à democracia atingiu seu mais alto patamar, apontou o Datafolha. Também é a primeira vez desde que o instituto iniciou a série de levantamentos que a maior parte da população defende a obrigatoriedade do voto.
De acordo com o Datafolha, 53% são favoráveis ao voto obrigatório, contra 42% de 1994, a primeira vez que o instituto pesquisou o tema. O apoio à democracia também atingiu recorde: 61% acham que ela é a melhor forma de governo.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br

China censurou trechos do discurso de Barack Obama


Quando Obama falou em 'comunismo', áudio e imagem foram cortados
21 de janeiro, 2009

Marina Wentzel
De Hong Kong para a BBC Brasil

Partes do discurso inaugural do presidente americano, Barack Obama, que falavam sobre “comunismo” e “dissidentes”, foram censuradas na China.

O principal canal de TV estatal, CCTV, e portais populares de internet tiveram que suprimir as referências feitas pelo presidente americano a temas considerados sensíveis na China.
No discurso de posse, Obama disse:
“Lembrem-se que gerações anteriores encararam o comunismo e o fascismo não apenas com mísseis e tanques, mas com vigorosas alianças e convicções duradouras”.
Na transmissão da CCTV, o áudio da tradução simultânea foi interrompido a partir do momento em que a palavra “comunismo” apareceu na tela, e a imagem do discurso em Washington foi cortada abruptamente para o estúdio em Pequim.
O apresentador da CCTV pareceu ter sido pego de surpresa, mas deu continuidade ao programa perguntando um convidado sobre os desafios econômicos que Obama enfrentará.
Os portais Sina.com e Sohu.com, muito populares no país, também tiveram que omitir a palavra “comunista” do discurso de Obama.
Dissidentes
Outro trecho do discurso que foi suprimido dos principais portais chineses falava da “opressão a dissidentes”.
“Aqueles que se agarram ao poder através de corrupção e enganação e silenciando dissidentes, saibam que vocês estão do lado errado da história, mas nós vamos estender a mão a vocês se estiverem dispostos a abrir seus punhos”, exclamou Obama.
Sites em chinês, como o da agência de notícias estatal Xinhua, omitiram a palavra “comunista”, embora a tenham mantido na versão integral em inglês.
Outro site popular, o Netease.cn cortou completamente o parágrafo que mencionava “comunismo e fascismo”, porém deixou o trecho sobre “dissidentes”, o que motivou internautas a comentarem a passagem.
Nas versões online do discurso em inglês o conteúdo original foi preservado na maioria dos casos.
Já nas traduções para chinês, somente sites de Hong Kong puderam publicar a versão integral.
Leitores na China continental, entretanto, não têm acesso a sites de Hong Kong, como os dos jornais Apple Daily e o Mingpao, pois estes portais são constantemente bloqueados pela censura.









Cena do filme "O Império dos Sentidos" (1976), do diretor japonês Nagisa Oshima
12/12/2008
ILUSTRADA 50 ANOS: 1990 - "Império dos Sentidos" é censurado no Brasil
'Império' sofreu veto 4 anos antes de chegar ao Brasil", assinado por Wilson Silveira e Cristina Grillo, foi publicado originalmente quarta-feira, 30 de maio de 1990.
O processo de censura do filme "O Império dos Sentidos", do diretor japonês Nagisa Oshima, foi aberto quatro anos antes que o filme chegasse ao Brasil. Hoje em poder do Arquivo Nacional, como parte do acervo da Censura Federal, o processo inclui pareceres de 12 pessoas que sequer haviam visto o filme e ainda assim pediram sua proibição. O arquivo, ao qual a Folha teve acesso com exclusividade, reúne 94.100 processos de censura, que vai de 1962 a 1988.
A história de "Império dos Sentidos" começou com uma reportagem sobre o filme publicada em agosto de 1976 pela revista Manchete. Com base na reportagem, o Juizado de Menores de São Paulo reuniu 14 pareceres de comissários de menores, dos quais apenas dois não sugerem a proibição. "É uma história terrível, uma loucura sexual", disse um dos pareceres, assinado por Maria Alice Sampaio Rezende e Armando Sampaio Rezende. "A moça não é normal, ao se colocar em cima do amante no ato sexual", afirmaram.
Na Censura, ""O Império dos Sentidos" recebeu seis pareceres, todos pela interdição. "É obra cinematográfica de enredo chocante e de mensagem duvidosa", disse a censora Teresa Marra. "A película em seu todo torna-se nociva à nossa sociedade", afirmou Telmo Lino. O filme foi submetido à Censura em fevereiro de 1980, proibido em maio e liberado em setembro, após recurso ao então recém-criado Conselho Superior de Censura, que dificilmente mantinha uma proibição.
Os arquivos da Censura contêm correspondências e recibos que revelam o empréstimo de filmes "subversivos" a escolas militares para treinamento antiguerrilha. O mais solicitado foi "Batalha de Argel" (1965), dirigido por Gillo Pontecorvo, proibido em 1968. Entre um empréstimo e outro, ele ficou desaparecido por três anos. Também eram emprestados "Z" (1969), de Costa-Gavras, e "Sacco e Vanzetti" (1971), de Giuliano Montaldo, entre outros.
As justificativas para a proibição de filmes eram variadas. De "Z", a censora Maria Luiza Cavalcante disse que "não serve no momento aos interesses nacionais". Em "Rebeldia" (1969), sobre a Guerra do Vietnã, as "mensagens negativas" superavam em número as "positivas". "Os Capitães de Areia", baseado em livro de Jorge Amado, fazia "propaganda contra o Brasil no exterior" e deturpava "a verdadeira imagem de nosso país", segundo a censora Hellé Carvalhêdo.
Nem sempre as opiniões coincidiam na Censura. Havia proibições ou cortes sugeridos por censores que eram considerados irrelevantes pelo diretor da Divisão, que dava a última palavra no âmbito da Censura. E havia filmes liberados pelos censores e proibidos pelo diretor da Divisão ou pelo diretor da Polícia Federal, que dava a última palavra no âmbito da Polícia Federal.
Em geral, as chefias davam seus pareceres antes do fim da tramitação dos processos. Mas há casos em que o diretor da Polícia Federal só resolveu opinar depois que os filmes estavam em cartaz, e, por isso, foram apreendidos. É o caso de "Sopro no Coração" (1971), "Sacco e Vanzetti" e "Toda Nudez Será Castigada" (1973).
"Sacco e Vanzetti" foi liberado em julho de 1973, para maiores de 18 anos. Os censores que o analisaram consideraram sua mensagem positiva, porque "estimulava a união entre os povos". Um mês depois, portaria do então diretor da PF, general Antônio Bandeira, cassou a liberação. Houve recursos e novamente os censores opinaram pela liberação, mas Bandeira manteve a proibição. O filme foi liberado em dezembro de 1979 pelo Conselho Superior de Censura.
Um dos poucos filmes cuja proibição foi mantida pelo Conselho Superior de Censura foi "Saló ou os 120 Dias de Sodoma" (1975), de Pasolini. Ele foi proibido pela Censura em julho de 1981 e levado ao Conselho, em grau de recurso, em setembro. Ele seria liberado para salas especiais, mas como elas ainda não existiam no país, o veto foi mantido. O filme foi exibido após o fim da Censura, em 1988.
Criado no período de abertura política, o Conselho Superior de Censura tinha por norma classificar filmes por faixa etária, revogando proibições. O relator de "O Império dos Sentidos", João Emílio Falcão, disse em seu parecer que a Censura tratava a população como uma nação de incapazes morais. No entanto, disse, o Estado considera uma pessoa de 18 anos apta até para matar numa guerra. "E quem são os juízes da moral brasileira?", perguntou, passando a relatar proibições hilariantes feitas pela Censura.
Jornalista dava cursos para censores
Nos anos 70, a Divisão da Censura de Diversões Públicas recebia cursos e assessoria do então diretor-responsável da editora Abril, Waldemar de Souza. "Não há necessidade de proibir o filme de arte, basta cortar pequenas seqüências de imagem, diálogo e trilha sonora para trancar as mensagens subversivas", dizia Waldemar.
Waldemar, hoje com 71 anos, disse à Folha que colaborou com a Polícia Federal por cerca de dez anos, de graça, "tentando defender a juventude de certas ações ilegais". Ele disse que sua assessoria era necessária porque os censores eram despreparados. Ele trabalhou durante 30 anos na Abril, cerca de 20 como diretor-responsável e depois como assessor da presidência. Aposentou-se há três anos.
Todo o trabalho de Waldemar se baseava nas técnicas do diretor franco-suíço Jean-Luc Godard, que chamava de "anarquista da máquina sensorial humana" e "mestre das mensagens subversivas". No Brasil, o principal alvo era Glauber Rocha, "aluno predileto de Godard". Segundo Waldemar, "antes de 1964, Glauber já estava diplomado em subversão pelo Instituto de Altos Estudos Cinematográficos de Paris".
Em curso dado em 1972, Waldemar usou como exemplo o filme "Masculin, Féminin" (1966), de Godard. Ele cita a cena em que um casal jovem chega em casa, depois de assistir a um suicídio de protesto, e encontra um cadáver na cama. Indiferente, a moça pede fósforos ao rapaz para acender um cigarro. Segundo Waldemar, o objetivo da cena é acostumar o jovem à violência.
Além dos cursos e palestras, Waldemar encaminhava à PF listas de diretores, produtores e roteiristas, brasileiros e estrangeiros, "especializados em mensagens subversivas". Em uma correspondência de maio de 1974, disse que forneceria nomes de cineastas brasileiros "inocentes úteis e ambiciosos".
Essa correspondência tinha o objetivo de fazer uma denúncia: "A Operação 'Contatos' de cineastas franceses esquerdistas com cineastas brasileiros para deformar as conquistas da revolução de março de 1964 vem sendo comandada por Glauber Rocha".

A ficha dos subversivos
(trechos de instruções dadas por Waldemar de Souza aos censores)

"Os filmes políticos subversivos mais exibidos em cineclubes, cinematecas, museus de arte e sessões especiais pertencem aos seguintes diretores esquerdistas (fichados), a saber:
Elio Petri (filiado ao PCI e especialista em filmes experimentais para os sindicatos italianos);
Francesco Rosi (filiado ao PCI);
Michelangelo Antonioni (Movimento Mao Tsé-tung italiano);
Pier Paolo Pasolini (ex-líder da Juventude Esquerda);
Bernardo Bertolucci (Prima della Revoluzione);
Jean-Luc Godard (Esquerda Maoísta);
Claude Chabrol (idem, Cahiers du Cinéma);Jean Rouch (escola Dziga Vertov e Movimento Eisenstein);
Costa-Gavras (Esquerda Maoísta de Paris);
Mário Sábato (Esquerda Universitária F.U.A.);
Otávio Getino (Esquerda Universitária F.U.B.A.).

"Godard leva seu fanatismo ideológico a um estado de verdadeira obsessão".
"As mensagens justapostas são elaboradas dentro de uma técnica revolucionária, criada e ampliada por Jean-Luc Godard, cineasta francês que se transformou em verdadeiro mestre para toda uma nova geração de cineastas a partir do ano de 1959".
"O impacto causado no cinema francês por esta revolução, encabeçada por rapazes antes de tudo terrivelmente inteligentes, foi impressionante".
"Godard quer levar o espectador a reagir ativamente diante de um filme, envolvendo-o como participante. O que importa é agir, agir, agir...".

O que a censura cortou em VEJA

O que a censura cortou em VEJA

6 de dezembro de 2008

Os censores da ditadura militar esforçavam-se por impedir que o público tomasse conhecimento das restrições impostas à imprensa. Em vários episódios de censura a VEJA, a partir de 1968 e por boa parte da década de 70, a revista tentou evidenciar que sofrera cortes, deixando trechos em branco no meio da página ou substituindo as partes cortadas por esdrúxulas figuras de diabinhos
As autoridades baixavam normas coibindo esses expedientes. Os embates entre censores e jornalistas estão documentados em Veja sob Censura – 1968-1976, da jornalista e historiadora Maria Fernanda Lopes Almeida. Leia aqui os textos que VEJA foi impedida de publicar.

FONTE: http://veja.abril.com.br/idade/exclusivo/regime_militar/abre.html

China impede jornalista de ir à Suíça estudar direitos humanos

20/09/2008
China impede jornalista de ir à Suíça estudar direitos humanos

da Efe, em Pequim

As autoridades chinesas impediram que o jornalista Zan Aizong viajasse para Genebra, na Suíça, para estudar direitos humanos em um evento organizado por uma ONG, informou neste sábado (20) a Chinese Human Rights Defenders (CHRD), em comunicado.
Segundo a fonte, Zan Aizong, jornalista e escritor da província oriental de Zhejiang, foi retido neste mês em um aeroporto quando tentava deixar o país com destino a Genebra.
A Ong informou também que a coluna que Zan escreve na internet sobre atualidade, conhecida como "Meizhou Dianping" (comentários semanais), foi censurada por dois dias esta semana depois de seu último comentário fazer referência a um escândalo político local.
Na nota, a CHRD assinala que não está claro quem ordenou o bloqueio do site de Zan, mas sugere que "altos cargos em Pequim" tenham pedido sua censura.