terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Índia confisca livro que ilustra Jesus e lata de cerveja


20/02/2010

GAUHATI - Autoridades de um Estado majoritariamente cristão no nordeste da Índia confiscaram todas as cópias de um livro escolar que trazia uma imagem de Jesus Cristo segurando uma lata de cerveja e um cigarro, disse uma autoridade neste sábado.

Ampareen Lyngdoh, ministra da Educação do Estado de Meghalaya, criticou fortemente a ilustração. "Eu estou chocada e condeno a violenta representação de Cristo. As crianças para as quais o livro se destina olham para Cristo com reverência, e estão chocadas além das palavras", disse Lyngdoh.

O governo retirou todas as cópias do material das escolas e livrarias em Meghalaya por ofenderem o sentimento público, disse ela. O livro, publicado por uma companhia sediada em Nova Délhi e especializada em livros escolares, estava sendo usado por uma rede de unidades de ensino primário no Estado. Mais de 70% das 2,32 milhões de pessoas de Meghalaya são adeptas do cristianismo.

Cópias do livro estavam prontas para distribuição em pelo menos mais 10 escolas do Estado antes que a imagem chegasse ao conhecimento das autoridades. "Nós orientamos a promotoria pública a seguir em frente com os procedimentos legais contra a editora", afirmou Lyngdoh, sem, no entanto, dar detalhes sobre os processos.

A imagem causou indignação nos líderes cristãos de Meghalaya. Eles pediram que o ministro da Educação do governo federal, Kapil Sibal, adote medidas contra a editora. "Estamos chocados para dizer o mínimo. Como alguém pode pensar em publicar tal imagem?", disse Dominic Jala, arcebispo de Shillong, capital do Estado. "Isso foi feito deliberadamente com intenção maliciosa", acrescentou ele.

Em Nova Délhi, um porta-voz da Conferência de Bispos Católicos da Índia afirmou que ordenou que escolas cristãs ao redor do país removam todos livros escolares da editora. "Tomamos uma posição firme e decidimos boicotar a editora", disse Babu Joseph, porta-voz da CBCI.

Em 2006, o governo de Uttar Pradesh, no norte do país, baniu um material escolar que trazia retratos do profeta Maomé após líderes muçulmanos protestarem. Islâmicos normalmente não permitem representações de Maomé. O caso contra a editora ainda está em trâmite.

FONTE: www.estadao.com.br

Revista Cambio é fechada e cria polêmica na Colômbia


19/02/2010

Publicação teve momentos de sucesso em 2009, ao denunciar a aliança militar entre Bogotá e Washington

SÃO PAULO - A revista Cambio foi fechada. O célebre proprietário da publicação era ninguém menos do que o jornalista e prêmio Nobel de Literatura Gabriel García Márquez. O fato detonou uma polêmica na Colômbia, com acusações de censura à imprensa durante a campanha eleitoral para a Presidência em 30 de maio, conforme observa artigo da agência France Press.

A decisão foi anunciada em 3 de fevereiro pelos seus proprietários, a editora colombiana El Tiempo. Os jornalistas foram informados neste dia que a revista semanal fundada em 1993 não sairia mais. Tinha ligação com a revista espanhola Cambio 16, que teve um papel preponderante na transição da ditadura para a democracia naquele país.

Apesar de circular somente na Colômbia, a revista Cambio era muito conhecida em vários países da América Latina. Tornou-se mais reconhecida ainda quando García Márquez e alguns amigos compraram parte da revista em um momento de crise, porque queriam "fazer jornalismo".

Um dos momentos altos da publicação foi quando divulgou a ligação do então presidente Ernesto Samper com as máfias das drogas colombianas.

Mas, segundo sua última editora, María Elvira Samper, cheios de dívidas, os proprietários da revista se aliaram à editora El Tiempo e García Márquez deixou a publicação. Para a editora, o fechamento da Cambio se explica em razão do "declínio mundial das revistas de atualidade e política".

Ainda segundo a France Press, a revista Cambio continuou com sua série de sucessos em 2009 ao publicar em primeira mão a negociação do acordo militar entre Bogotá e Washington que permitiu que tropas americanas passassem a controlar sete bases na Colômbia e provocou a crise diplomática com a vizinha Venezuela e demais países latino-americanos.

A revista semanal também publicou reportagem sobre escutas ilegais realizadas pelo departamento de inteligência DAS e revelou o escândalo Agro Ingreso Seguro, sobre corrupção nos contratos de subsídios rurais.

"O jornalismo e a democracia colombiana recebem um dos golpes mais duros de sua história recente", disse a editorialista María Jimena Duzán ao comentar o caso.

María Elvira Samper falou de sua "convicção profunda de que houve outras razões, além das econômicas" para o fechamento da Cambio e sugeriu que o grupo Planeta, maior acionista da editora El Tiempo, sacrificou a revista porque pretende vencer a licitação por um terceiro canal de televisão pelo qual compete com o grupo espanhol Prisa e o venezuelano Cisneros.

Mas Francesc Solé, presidente da Planeta para os países andinos, assinalou que se a revista tivesse saído de circulação há um ano "não haveria tanta polêmica", afirma. "Ao fechar, pelo contrário, não ajudamos ao governo", disse.

FONTE:
http://www.estadao.com.br/

Irã impede viagem de diretor a festival de Berlim


17/02/2010

BERLIM (Reuters) - O Irã impediu que um diretor de cinema viajasse na terça-feira para o festival de cinema de Berlim, no mesmo dia em que um drama e um documentário sobre o país foram exibidos na cidade alemã, informaram organizadores do evento.

Segundo eles, a proibição da viagem foi imposta sobre Jafar Panahi, vencedor de diversos prêmios internacionais, inclusive o principal prêmio do festival de cinema de Veneza por "O Círculo" em 2000.

"É ridículo pensar que se pode impedir pessoas de dizerem o que pensam", disse o diretor iraniano Rafi Pitts após a exibição de seu filme sombrio "The Hunter" (o caçador).

"Acredito na liberdade de expressão... Acredito que as pessoas deveriam ter o direito de viajar para onde quiserem, acredito que ele deveria estar aqui", disse Pitts em coletiva de imprensa.

"The Hunter" e o documentário "Red, White & the Green", de Nader Davoodi, foram exibidos no mesmo dia, relembrando os protestos após as disputadas eleições presidenciais do Irã no ano passado.

Pitts disse que "The Hunter" tinha a intenção de levantar questões mais do que ser uma afirmação política.

O filme conta a história de um homem cuja esposa é morta em uma troca de tiros entre a polícia e manifestantes em Teerã. Levado ao desespero pela angústia e desejo de vingança, ele enlouquece e atira em dois policiais com sua arma de caça.

Policiais o perseguem na floresta e o prendem mas se perdem e a situação se torna mais agressiva e violenta. Aos poucos, se torna difícil distinguir entre os caçadores e os caçados, os bons e os maus.

Pitts disse que queria mostrar como pessoas que são empurradas até o limite podem se tornar bombas em contagem regressiva. Ele descreveu a juventude iraniana como "uma geração preparada para morrer pois não tem nada a perder".

Essa geração é o foco do documentário "Red, White & the Green" de Davoodi, filmado com uma câmera de mão durante as três semanas que antecederam as eleições de junho.

Um dos aspectos mais marcantes do filme, em que iranianos comuns discutem suas esperanças e medos para as eleições e o país em geral, é a grande sensação de otimismo compartilhada pelas pessoas nas ruas de Teerã.

Nas semanas que seguiram as eleições presidenciais, confrontos violentos surgiram, e segundo opositores do presidente reeleito Mahmoud Ahmadinejad, cerca de 70 pessoas morreram e milhares foram detidos.

FONTE: http://cinema.uol.com.br/

França aprova em primeira instância lei que permite controle da internet


17/02/2010

Da Redação

A Assembleia Nacional Francesa aprovou nesta terça-feira (17) uma lei chamada LOPPSI II (Lei de Orientação e Programação para a Segurança Interior, em tradução livre). Dentre as propostas dessa lei, que tem como objetivo tornar a França um lugar “mais seguro”, está a possibilidade do governo instalar trojans em computadores para monitorar pessoas. Para ser colocada em prática, a lei necessita passar ainda por exame em mais duas instâncias.

O projeto de lei, segundo informações do site britânico “The Register” e da PC World americana, foi aprovado na Assembleia Nacional por 312 votos contra 214 e abrange várias áreas como o combate à pornografia infantil, a pedofilia e a criminalização do roubo de identidades online.

A LOPPSI II prevê o aumento de gastos da polícia, através de investimentos em monitoramento de câmeras, aumento de penas para quem roubar identidades na internet, a ampliação do acesso ao banco de dados de DNA da polícia nacional e o possibilidade de grampo em linhas telefônicas e monitoramento de acesso à internet.

Outra proposta controversa é a que obriga os provedores a bloquear ou filtrar endereços de internet, que o governo julgue necessário.

Em um relatório que analisa a economia dos negócios de pornografia infantil, o jornalista Fabrice Epelboin alega que o filtro de URLs não é eficiente, pois esses conteúdos continuarão sendo compartilhados em redes de compartilhamento ponto a ponto. Entidades de defesa à liberdade na internet, como a Quadrature du Net, alertam que a LOPPSI II "deixa a porta aberta a excessos perigosos e deve ser revista com salvaguardas rigorosas, ou ser completamente rejeitada".

De acordo com um estudo da Federação Francesa de Telecomunicações, citado pelo deputado Lionel Tardy, a filtragem de conteúdo custaria à França cerca de 140 milhões de euros.

Deputados da oposição ainda tentaram vetar o bloqueio de URLs e sugeriram que os filtros de internet fossem implantados provisoriamente, para verificar se serão eficazes, porém a maioria governista rejeitou a proposta.

FONTE: http://tecnologia.uol.com.br/

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Campeã, presidente da Rosas de Ouro alfineta Globo


YGOR SALLES da Folha Online

A escola teve de mudar a letra de seu samba por pressão da Globo. A expressão "cacau é show" foi alterada para "cacau chegou" --a agremiação é apoiada pela marca de chocolates Cacau Show.

"Há um mês, tive de mudar uma palavra do samba-enredo. Não foi fácil para a comunidade aceitar. Mas, agora, vamos voltar para a letra original", disse Angelina Basílio durante a comemoração do título, ainda no Anhembi. "Fizemos um trabalho impecável e vamos levar essa taça para a ponte da Freguesia do Ó [local da sede da escola]. Agora podemos dizer que o cacau é show", completou a presidente. "A Rosas de Ouro acredita em parceiros."

A decisão do título saiu na última nota do último quesito (comissão de frente). Até então, a Rosas estava empatada com a Mocidade Alegre. "A vitória na última nota foi maravilhosa", disse Angelina.

Após a revelação da vitória, ela cumprimentou a comissão da Mocidade, que também tem uma mulher como presidente, Solange Cruz Bichara Rezende. "Me diziam: 'Você é mulher e vai pegar a presidência?'. Mas não desisto. Sempre acreditei no meu trabalho. Havia uma voz lá no fundo que me dizia: 'Persevere, lute'. E foi um desfile impecável, tecnicamente perfeito. Estou muito feliz com a vitória", declarou Angelina.

Para o carnavalesco Jorge Freitas, o título foi fruto de uma longa jornada da escola, que foi vice nos últimos anos. "É a coroação de um grande trabalho. A Rosas de Ouro vem fazendo grandes trabalhos nos últimos três anos, e finalmente fomos coroados", afirmou Freitas.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Um ruído na Lei de Imprensa


Por Reinaldo Azevedo

A Lei de Imprensa que havia no Brasil (5.250, de 9 de fevereiro de 1967) era filha dileta da ditadura militar e, curiosamente, sobreviveu 21 anos à democratização do país, até ser extinta pelo STF em 30 de abril deste ano. Vivia-se uma situação curiosa. Boa parte do texto já não podia ser aplicada porque se chocava com dispositivos da própria Constituição de 1988, daí que o Supremo já tivesse declarado sem efeito seus dispositivos claramente inconstitucionais. Entre eles, estavam a censura a espetáculos, cadeia para jornalistas e a proibição de estrangeiros atuarem no jornalismo brasileiro.

O seminário que debateu a questão, nas comemorações dos 40 anos de VEJA, concluiu que a melhor Lei de Imprensa era mesmo Lei de Imprensa nenhuma, com o que concordaram sete dos 11 ministros do Supremo, que a declararam sem efeito, atendendo a uma representação do deputado Miro Teixeira (PDT-RJ). O relator foi o ministro Ayres Britto. Entendeu a maioria que a Constituição e os Códigos Civil e Penal já protegem os direitos de indivíduos, empresas e instituições que possam se sentir agravados pelo trabalho da imprensa.

Um problema, no entanto, persiste. A Constituição prevê, de fato, o direito de resposta, estabelecido na lei extinta, mas ele não está regulamentado, o que está ainda por fazer. A margem deste debate, um outro fantasma ronda o trabalho jornalístico: a censura judicial. Juízes têm impedido a publicação de reportagens, o que caracteriza censura prévia — e isso é inconstitucional — com base no fato de que certas informações derivam de processos sob sigilo de Justiça.

Compreenda-se o zelo, mas não a decisão. A imprensa não é guardiã do sigilo de questões que dizem respeito ao interesse público. Cumpre às autoridades impedir o vazamento de dados sigilosos. Repórter não pode ter um papel de auxiliar da polícia ou da Justiça. Sua tarefa é informar o que apura e sabe. Só isso. E, também nesse caso, os excessos da liberdade se corrigem com mais liberdade.

Depois desse julgamento, os juízes terão de se basear na Constituição Federal e nos códigos Penal e Civil para decidir ações criminais e de indenização contra jornalistas. A Lei de Imprensa previa penas de detenção mais rigorosas para os jornalistas que cometiam os crimes de calúnia, injúria e difamação do que o Código Penal.

O principal debate ocorreu por causa do direito de resposta. Para a maioria dos ministros, esse direito está previsto na Constituição Federal. Eles também observaram que há um projeto em tramitação no Congresso para regulamentar esse direito.

Com efeito, entre os anacronismos incompatíveis com a Constituição de 1988, há a censura a espetáculos e cana para jornalistas — isto mesmo: cadeia. E, claro, no embate com a imprensa, o privilégio é da “otoridade”. Vejam:

Art. 20. Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato do como crime:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e multa de 1 (um) a 20 (vinte) salários mínimos da região.
§ 1.°. Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa imputação, reproduz a publicação ou transmissão caluniosa.
§ 2.°. Admite-se a prova da verdade, salvo se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.
§ 3.°. Não se admite a prova da verdade contra o Presidente da República, o presidente do Senado Federal, o presidente da Câmara dos Deputados. os ministros do Supremo Tribunal federal, chefes de Estado ou de Governo estrangeiro, ou seus representantes diplomáticos.
Art. 21. Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:
Pena - detenção, de 3 (três) a 18 (dezoito) meses, e multa de 2 (dois) a 10 (dez) salários mínimos da região.
§ 1ª A exceção da verdade somente se admite:
a) se o crime é cometido contra funcionário público, e razão das funções, ou contra órgão ou entidade que exerça funções de autoridade pública;
b) se o ofendido permite a prova.
§ 2ª Constitui crime de difamação a publicação ou transmissão, salvo se motivada por interesse público , de fato delituoso, se o ofendido já tiver cumprido pena a que tenha sido condenado em virtude dele.
Art. 22. Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou decoro:
Pena - detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, ou multa de 1 (um) a 10 (dez) salários mínimos da região.
Art. 23. As penas cominadas dos arts. 20 a 22 aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido:
I - contra o Presidente da República, Presidente do Senado, presidente da Câmara dos Deputados, Ministro do Supremo Tribunal Federal, Chefe de Estado ou Governo estrangeiro, ou seus representantes diplomáticos;
II - contra funcionário público, em razão de suas funções;
III - contra órgão ou autoridade que exerça função de autoridade pública.

Coleções » Regime militar


Entre 1964 e 1985, o Brasil foi governado pelos militares. Durante esse período, as instituições democráticas sofreram restrições, as liberdades individuais foram limitadas e a imprensa foi censurada. Em contrapartida, a economia do país teve um crescimento inédito. Lançada em 1968, VEJA viveu e registrou durante 17 anos o cotidiano brasileiro sob o comando dos generais. Poucos meses após a estréia da revista, o Ato Institucional nº 5 fechou o Congresso, cassou o mandato de mais de meia centena de políticos e suspendeu as garantias constitucionais. VEJA foi uma das primeiras vítimas do AI-5: a edição sobre o ato que endurecia o regime foi recolhida das bancas em dezembro de 1968. Por uma década, a sigla marcaria a fase mais feroz dos 21 anos de ditadura.

Agora a coisa vai.
Frase ouvida de um militar após o AI-5 (19/12/1968)

Se de um lado o estado massacrou liberdades básicas dos cidadãos, de outro, um punhado de jovens radicais e organizações de esquerda entraram no delírio de derrubar o regime na base da luta armada. As diferentes formas de resistência ao governo fardado renderam uma série de capas históricas, como a do congresso clandestino da UNE em Ibiúna, em 1968, ainda antes do AI-5. Ali, só podiam entrar os estudantes que tivessem em mãos um exemplar de VEJA daquela semana - a revista era a "senha". De leitores, os estudantes passariam a protagonistas da revista. Ao serem descobertos e presos, estamparam a capa da semana seguinte.

(...) Os rapazes e moças enrolados em cobertores coloridos, no frio do começo da tarde de sábado passado, não pareciam os perigosos líderes estudantis do Brasil inteiro, presos durante o 30º Congresso da ex-UNE. (...)
"O congresso interrompido", 16/10/1968

Também marcaram época o seqüestro do embaixador americano por um grupo guerrilheiro em 1969 e a perseguição a Carlos Marighella, o mais destacado líder da luta armada. A morte do ex-capitão de infantaria Carlos Lamarca, que trocou a farda pela subversão, também seria destaque em 1971.

(...) Surpreendido numa armadilha, cercado por quase quarenta policiais, Marighella não se rendeu. E foi aniquilado. Nem chegou a pegar sua arma. Está enterrado em cova rasa. (...)
"Estratégia para matar o terror", 12/11/1969

Ainda no fim de 1969, com duas reportagens de capa sobre o tema, VEJA se tornou o primeiro órgão de imprensa do país a investigar de maneira abrangente e detalhada a prática de torturas nos porões do regime militar. Duas décadas depois, já finda a ditadura, a revista publicaria outra capa sobre o assunto, desta vez com a inédita confissão de um torturador.

A tortura causa um desgaste muito grande. Nunca me neguei a torturar alguém, mas só fazia quando havia necessidade. Mas a brincadeirinha não tem a menor graça, viu?
Marcelo Paixão de Araújo, ex-tenente (9/12/1998)

Na primeira metade dos anos 1970, o milagre econômico do governo militar exibia resultados, traduzidos em grandes obras de infra-estrutura, como estradas, hidrelétricas e redes de comunicação. Essa era a face benigna do regime. A maligna começaria a de desintegrar em 1978, com o fim mais do que tardio do AI-5. No mesmo ano, uma sentença que declarou a responsabilidade da União no caso do jornalista Vladimir Herzog - preso, torturado e morto nas dependências do DOI-CODI paulista -, colocou o Brasil no degrau das nações civilizadas, onde a administração pública responde pelos atos de seus agentes.

A decisão do juiz reabre uma participação real da Justiça na vida do país, como poder independente.
Raymundo Faoro, da OAB, no caso Herzog (1/11/1988)


A partir de 1979, a anistia foi o tema que dominou os debates. VEJA acompanhou a decisão do presidente Figueiredo desde o nascedouro até a conclusão do projeto de lei. Naquele ano, o general concedeu à revista a primeira entrevista exclusiva formal a um órgão de imprensa desde o golpe militar de 1964. O presidente que assinou a anistia e permitiu a transição para o poder civil foi o militar que mais vezes apareceu na capa de VEJA.


(...)Golbery, de olhos postos no futuro e sobretudo na sucessão presidencial, não parece interessado em discutir suas decisivas passagens pelo poder nos últimos vinte anos. Medici também acompanha com atenção os movimentos na ribalta, mas revela a preocupação de fazer a defesa de seu governo. (...)
"O momento de falar", 16/5/1984


Quando a campanha pelas eleições diretas evidenciava o ocaso do regime, a revista conseguiu também entrevistas históricas com dois personagens fundamentais da história do Brasil: Golbery do Couto e Silva e Emílio Médici, que quebraram o silêncio para uma edição de maio de 1984.


FONTE: http://veja.abril.com.br/

Artista chinesa acusa escola de arte de Paris de censura


13/02/2010

da Reuters, em Paris

Uma artista chinesa acusa a Escola Nacional Superior de Belas Artes (Ensba) de Paris de praticar censura ao remover de sua fachada uma obra dela que fazia alusão a um slogan do presidente da França, Nicolas Sarkozy.

As quatro faixas com os dizeres "Trabalhe", "Menos", "Ganhe" e "Mais" faziam referência à frase "Trabalhe mais para ganhar mais" usada pelo partido UMP na campanha presidencial de Sarkozy em 2007.

A oposição socialista frequentemente zomba do slogan, já que o desemprego vem aumentando.

Em nota, a Ensba disse que a obra "poderia constituir um ataque à neutralidade do serviço público."

A artista Siu-lan Ko qualificou o fato como "abominável." "Na China, falamos muito sobre censura, mas meu trabalho nunca foi censurado de modo tão brutal na China."

O Ministério da Cultura francês não quis comentar o caso.

FONTE: www.folha.uol.com.br

Governo de Portugal é acusado de tentar controlar a imprensa


13/02/2010

da Folha de S. Paulo

O Poder Executivo português foi alvo ontem de uma série de críticas após a divulgação de gravações que envolvem o premiê José Sócrates (Partido Socialista, centro-esquerda) num suposto plano para criar um grupo de mídia favorável ao governo. O premiê nega.

Até a semana passada, quando o escândalo foi revelado pelo semanário "Sol", as escutas telefônicas divulgadas sugeriam que o governo tentara usar a Portugal Telecom (PT, na qual o Estado tem participação) para adquirir o canal TVI, que, no passado, acusou Sócrates em um caso de corrupção.

Ontem, o "Sol", crítico ao governo, ampliou as denúncias, revelando conversas entre membros da PT e empresários num suposto esquema para comprar jornais e emissoras do país e formar um conglomerado midiático de orientação favorável ao governo.

Segundo o "Sol", o procurador João Marques Vidal considera haver "indícios muito fortes" do envolvimento do governo, "nomeadamente o premiê", no plano midiático. Num trecho divulgado, um executivo da PT teria dito que à empresa 'interessa ter um acionista forte' no setor da mídia.

Sócrates --reeleito premiê em setembro, mesmo sem maioria parlamentar-- negou as acusações e disse que as escutas foram ilegais e consideradas irrelevantes pela Justiça. O ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, agregou que a publicação das escutas leva à "conclusão fantasiosa" de busca por controle da imprensa. "O governo não deu qualquer instrução à PT para aquisições" no setor midiático, afirmou ele.

O "Sol" publicou as escutas a despeito de uma proibição judicial, alegando defesa da liberdade de imprensa. Críticos apontaram "censura prévia" na ordem judicial, e a oposição cobrou explicações do governo e questionou sua legitimidade.

FONTE: www.folha.uol.com.br

Cartazes do novo disco do Massive Attack são censurados em metrô de Londres


09/02/2010

Da Redação


Os cartazes publicitários de "Heligoland", o novo disco do Massive Attack, foram banidos das estações de metrô de Londres por serem parecidos com grafite. A declaração foi dada pelo líder da banda, Robert "3D" Del Naja, ao jornal britânico "The Guardian".

"Não permitem que se exiba nada no metrô que seja parecido com arte urbana. Querem que a gente remova tudo. É a censura mais absurda que já vi", disse o músico de 45 anos. A banda vai redesenhar o trabalho gráfico do álbum para poder exibi-lo nas estações.

O quinto álbum de estúdio dos precursores do trip hop foi lançado nesta última segunda-feira (8), mas já circulava pela internet desde janeiro. "Heligoland" tem participação de Damon Albarn (Blur, Gorillaz), Tunde Adebimpe (TV on The Radio) e da cantora Hope Sandoval, que acompanha a banda no primeiro single, "Paradise Circus".

Com o novo trabalho, o Massive Attack sairá em turnê. Já estão confirmados shows na Inglaterra e no México. Em show realizado em novembro do ano passado, na Praça de Touros no Campo Pequeno, em Lisboa, o Massive Attack mostrou três músicas do novo disco: "Bulletproof Love", "Heartcliff Star" e "Babel".

FONTE: http://musica.uol.com.br