quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Honduras censura imprensa e proíbe protestos públicos

28/09/09

JOSÉ ROBERTO BURNIER Tegucigalpa

Governo interino endureceu também com a comunidade internacional, barrou a missão da OEA e ameaçou o Brasil pelo apoio a Zelaya.

A crise em Honduras entra na zona de perigo. O governo interino proibiu manifestações, ameaça fechar rádios, jornais e emissoras de rádio e televisão e ameaça o governo brasileiro - com um ultimato. É o estado de sítio.

Hoje, o dia promete ser muito tenso. O presidente deposto Manuel Zelaya convocou um grande protesto em frente ao prédio da embaixada brasileira.

O decreto foi divulgado no final da noite por um comunicado em rede nacional. Com isso, o governo atual de Honduras pode proibir protestos públicos e suspender a liberdade de expressão e da imprensa. O decreto vale para os próximos 45 dias - período em que a polícia fica autorizada a efetuar prisões sem mandatos. Até agora, é medida mais extrema do governo interino, e o caminho para uma solução vai ficando cada vez mais longe.

As declarações dos dois lados só se radicalizam. O presidente interino, Roberto Micheletti, não se senta à mesa de negociação, se o presidente deposto, Manuel Zelaya não desistir de voltar ao poder. E Zelaya não abre mão de retomar a presidência.

A ex-presidente da Suprema Corte de Honduras, que agora representa o governo Micheletti na Organização dos Estados Americanos, admitiu que as negociações estão paralisadas e que os dois lados têm que fazer concessões para se conseguir uma solução para a crise.

O governo interino resolveu endurecer com a comunidade internacional, que repudia a deposição de Zelaya. Nesse domingo, cinco assistentes da OEA chegaram do exterior, mas não tiveram autorização para entrar. Foram deportados para os paises de origem. Por ordem de Micheletti, qualquer delegação estrangeira que queira entrar em Honduras, terá que reconhecer o atual governo como legítimo.

Manuel Zelaya continua com mais de 60 seguidores dentro da embaixada brasileira. De lá, segue dando ordens e distribuindo comunicados. Ele convocou simpatizantes para uma passeata na capital, nessa segunda-feira (28), quando a crise vai completar três meses. Zelaya quer que seus eleitores desafiem as ordens do atual governo. Os toques de recolher continuam sendo impostos todas as noites.

Em uma entrevista no final da tarde, o chanceler do governo interino, Carlos Lopez, anunciou que as embaixadas da Venezuela, da Argentina, do México e da Espanha em Tegucigalpa deixam de ser territórios desses paises. O chamado escudo diplomático foi cancelado. Os quatro paises romperam relações com o atual governo de Honduras. O chanceler informou também que vai fazer o mesmo com o Brasil se, até o dia 06 de outubro, o governo Lula não definir o status de Manuel Zelaya na embaixada brasileira.

A embaixada do Brasil será considerada um escritório particular, disse o chanceler. Os diplomatas brasileiros terão que entregar suas credenciais e serão expulsos. No entanto, Carlos Lopez disse que o governo interino não pretende invadir a embaixada.

FONTE: http://g1.globo.com/bomdiabrasil

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