por Mário Camera
A ONG Repórteres Sem Fronteiras divulgou hoje, em Paris, a sua classificação anual de liberdade de imprensa no mundo. O Brasil subiu onze posições desde 2008 e agora ocupa o 71º lugar da lista da RSF, logo atrás do Butão, mas ainda longe de Burkina Faso (57º) ou de Estados Unidos e Reino Unido - ambos na vigésima posição entre os países onde a imprensa é mais livre para trabalhar.
Em comunicado, a RSF destaca o fim da "lei de imprensa herdada da ditadura militar" como uma das medidas positivas adotadas para melhorar a liberdade no país.
"Isso foi um passo importante", diz Benoît Hervieu, responsável pela América Latina na RSF, em entrevista ao blog. Além disso, segundo Hervieu, "também houve um esforço do governo Lula para permitir o acesso a informação, abrindo os arquivos sobre a ditadura, por exemplo".
A RSF afirma, no entanto, que ainda há trabalho a fazer caso o Brasil queira evoluir um pouco mais e gozar da mesma liberdade de imprensa que nossos colegas da Libéria, que ocupa o 62º lugar no ranking da RSF, mas que sustenta um triste penúltimo em outra lista: a de Índice de Desenvolvimento Humano.
"Apesar dessas evoluções positivas, o país ainda padece de uma violência persistente contra os meios de comunicação nas grandes aglomerações urbanas e nas regiões do Norte e do Nordeste. A censura preventiva permanece ativa
"A família Sarney é um exemplo" desse controle de mídias locais, explica Benoît Hervieu, ao citar alguns dos responsáveis pelo Brasil não estar à altura do Líbano (61º) no que diz respeito à liberdade de imprensa.
Os Sarney, que possuem meios de comunicação mas parecem não gostar que seus leitores tenham acesso à informação, também são citados por Hervieu no caso que atingiu o "Estadão" este ano e quemereceu um comunicado da RSF.
"A censura prévia existe no Brasil", conclui Hervieu, ao comentar qual é o maior problema para a liberdade da imprensa brasileira atingir os mesmos níveis encontrados nas maiores democracias do planeta.
Ah, você deve estar se perguntando quem ocupa o primeiro lugar do ranking de liberdade de imprensa da Repórteres Sem Fronteiras em 2009. É a Dinamarca, empatada com Finlândia, Irlanda, Noruega e Suécia. Por lá, que eu saiba, nenhum membro do clã Sarney é dono de jornal.
FONTE: www.oglobo.com.br
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