segunda-feira, 20 de julho de 2009

China amplia restrições após conflito étnico e bloqueia Facebook

07/07/2009
da Folha Online

A rede social Facebook está inacessível há várias horas na China, comprovaram internautas no país e grupos de controle da censura da internet, em medida que ocorre três dias depois dos violentos confrontos étnicos ocorridos na cidade chinesa de Urumqi, nos quais, oficialmente, 156 pessoas morreram.
O bloqueio do Facebook marca um aumento das restrições aos internautas chineses que começaram no domingo, dia dos incidentes. Nesse esse dia, o serviço de microblogging Twitter também foi bloqueado no país. O acesso a outros sites estrangeiros também está muito difícil. A conexão à internet está muito lenta, enquanto páginas já antes bloqueadas, como Youtube, continuam inacessíveis.
A China é o país com mais internautas no mundo, 300 milhões, mas sofre uma dura censura de conteúdos na rede, especialmente em momentos de tensões políticas ou em datas "sensíveis" para o governo comunista.
A gravidade da situação na Província de Xinjiang levou o presidente chinês, Hu Jintao, que estava na Itália, a retornar para Pequim nesta terça-feira. Ele tinha ido à Europa para participar de um encontro do G8 (que reúne oito das maiores economias do mundo) com os governantes do G5 (os principais emergentes --África do Sul, Brasil, China, Índia e México) e mais o Egito, convidado da Itália.
A chanceler alemã, Angela Merkel, havia afirmado que ia pedir explicações ao presidente chinês sobre o confronto de domingo durante o encontro na Itália.
A abertura do encontro do G8 está marcada para esta quarta-feira na cidade italiana de Áquila, e Hu, juntamente com os demais países do G5 deveria participar das reuniões a partir da quinta-feira. A Ansa informou que a delegação chinesa permanece na Itália para participar da reunião.
Novos protestos
A etnia uigur está sob controle chinês desde 1955, quando foi fundada região autônoma de Xinjiang. Desde então são relatados choques entre os islâmicos e o governo, movimentos armados pró-independência, ataques terroristas e mortes de civis na área. Nada, contudo, como a violência que se viu nos últimos dias, classificada pelo governo como os piores distúrbios desde 1949.
Nesta terça-feira, membros da etnia muçulmana atacaram pessoas perto da estação de trem de Urumqi. Em outra parte da cidade, mulheres com lenços na cabeça também foram às ruas protestar contra a prisão de seus filhos e maridos.
Um grupo de cerca de mil jovens da etnia han levava pedaços de pau na mão e gritavam "Defenda o país" pelas ruas em um protesto que visava a vizinhança uigur da capital regional. A agência France Presse fala em cerca de 10 mil manifestantes da etnia han com armas improvisadas --como pedaços de pau, correntes e facas.
A polícia, contudo, bloqueou o acesso para a área da cidade onde vivem os uigures muçulmanos e lançaram gás lacrimogêneo para conter os manifestantes.
"Os uigures vieram a nossa região para quebrar coisas e agora nós vamos atacá-los", afirmou à France Presse um dos manifestantes da etnia han.
Segundo a agência Efe, um grupo de chineses da etnia han tentou entrar à força na mesquita de Hantengri, no centro de Urumqi, a fim de atacar uigures refugiados no local.
A mesquita, próxima ao hotel onde estão hospedados os jornalistas estrangeiros que cobrem o conflito, estava isolada pelos soldados, mas alguns chineses han, armados com paus, tentaram entrar várias vezes no templo, sem sucesso, por enquanto.
Alguns deles disseram à agência Efe que não há outra saída que fazer justiça com as próprias mãos, já que "o governo não pode fazer nada contra os uigures, por medo da comunidade internacional".
Segundo eles, os uigures atacaram comércios dos han em dias anteriores e não são oriundos da cidade, mas procedentes de outras zonas da região de Xinjiang, como Kashgar e Yili, que, em anos anteriores, também registraram incidentes violentos.
À margem destes grupos, a cidade está tranquila, sem automóveis pelas ruas, enquanto praticamente todos os uigures estão trancados em casa, por medo de represálias.

FONTE: http://www.folha.uol.com.br

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