terça-feira, 31 de março de 2009

Planalto entrega últimos documentos militares ao Arquivo Nacional

05/03/2009

RENATA GIRALDI
da Folha Online, em Brasília

O ministro Jorge Félix (Segurança Institucional) entregou nesta quinta-feira à direção do Arquivo Nacional os últimos documentos relativos aos períodos de 1934 a 1988 que estavam sob responsabilidade do governo federal. Mas Félix admitiu que alguns trechos das nove atas foram vetados com tarjas colocadas sobre frases inteiras. Segundo ele, a censura foi feita apenas porque nos trechos havia referências jocosas a autoridades e governos estrangeiros.
"Temos de tomar cuidado para não ofender vizinhos só porque alguém em um momento de descontração falou algo", disse Félix, negando que as "tarjas" colocadas sobre algumas frases expostas nas atas sejam censura. "Nós estamos protegendo um país chamado Brasil. Se alguma coisa pode causar constrangimento, nós estamos protegendo."
O ministro negou que tenha ocorrido censura por parte do governo a alguns trechos do material entregue ao arquivo. "A tarja [colocada sobre as frases] não é importante", disse ele. "Seria uma grosseria deixarmos essas coisas transparecerem. São referências jocosas [a autoridades e governos estrangeiros]."
Nas nove atas, há referências à segunda guerra mundial, à política externa brasileira e às ordens de cassações realizadas durante o governo militar --1964 a 1988. De acordo com o ministro, todos os nomes, cargos, funções e detalhes pessoais foram preservados sem eliminação de dados nem censura.
Félix entregou as nove atas ao diretor-geral do arquivo, Jaime Antunes da Silva, depois que os documentos foram analisados por representantes de vários setores do governo federal. Nos documentos até os anos 40, as anotações foram feitas à mão. A partir dos anos 50, os relatos passaram a ser realizados à máquina de escrever.
O diretor do arquivo afirmou que pretende concluir o trabalho de digitalização das atas em no máximo uma semana. Pelos cálculos dele, são 3.000 páginas com frente e verso. Uma das dificuldades é que os documentos estão encadernados e, portanto, não podem ter as páginas retiradas.
No entanto, Antunes da Silva afirmou que todo o conteúdo contido nas nove atas está à disposição dos interessados em meio digital a partir da página do Arquivo Nacional na internet (www.arquivonacional.gov.br). "Esses filhos que saem daqui serão muito bem cuidados. A memória não é estática, ela se constrói e reconstrói", disse ele.

Nenhum comentário:

Postar um comentário