segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Governo de Portugal é acusado de tentar controlar a imprensa


13/02/2010

da Folha de S. Paulo

O Poder Executivo português foi alvo ontem de uma série de críticas após a divulgação de gravações que envolvem o premiê José Sócrates (Partido Socialista, centro-esquerda) num suposto plano para criar um grupo de mídia favorável ao governo. O premiê nega.

Até a semana passada, quando o escândalo foi revelado pelo semanário "Sol", as escutas telefônicas divulgadas sugeriam que o governo tentara usar a Portugal Telecom (PT, na qual o Estado tem participação) para adquirir o canal TVI, que, no passado, acusou Sócrates em um caso de corrupção.

Ontem, o "Sol", crítico ao governo, ampliou as denúncias, revelando conversas entre membros da PT e empresários num suposto esquema para comprar jornais e emissoras do país e formar um conglomerado midiático de orientação favorável ao governo.

Segundo o "Sol", o procurador João Marques Vidal considera haver "indícios muito fortes" do envolvimento do governo, "nomeadamente o premiê", no plano midiático. Num trecho divulgado, um executivo da PT teria dito que à empresa 'interessa ter um acionista forte' no setor da mídia.

Sócrates --reeleito premiê em setembro, mesmo sem maioria parlamentar-- negou as acusações e disse que as escutas foram ilegais e consideradas irrelevantes pela Justiça. O ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, agregou que a publicação das escutas leva à "conclusão fantasiosa" de busca por controle da imprensa. "O governo não deu qualquer instrução à PT para aquisições" no setor midiático, afirmou ele.

O "Sol" publicou as escutas a despeito de uma proibição judicial, alegando defesa da liberdade de imprensa. Críticos apontaram "censura prévia" na ordem judicial, e a oposição cobrou explicações do governo e questionou sua legitimidade.

FONTE: www.folha.uol.com.br

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